Também está prevista outra cirurgia para corrigir um desvio de septo de Bolsonaro, mas não deve ser realizada nesta internação.
Ainda não há data marcada para que os procedimentos ocorram. A avaliação médica deve definir quais cirurgias serão feitas e quando.
Essa será a sexta vez que Bolsonaro passa por procedimentos cirúrgicos desde que levou uma facada durante a campanha presidencial de 2018.
Segundo seu advogado Fabio Wajngarten, ele está “com refluxo, com soluço, com dificuldade de digestão e com a barriga inchada”.
Entenda os procedimentos pelos quais Bolsonaro deve passar:
“Correção de alças intestinais”
Segundo Rodrigo Oliva Perez, coloproctologista e coordenador do núcleo de coloproctologia e intestinos do Hospital Oswaldo Cruz, o procedimento geralmente não leva esse nome de “correção das alças intestinais”, o que deve ser corrigido são eventuais aderências que se formaram entre as alças intestinais e podem estar dificultando a passagem do alimento pelo intestino.
Perez explica que as aderências podem ser consequências das cirurgias anteriores: “Isso acontece com alguma frequência no pós-operatório de qualquer cirurgia. Por conta da cicatrização dos tecidos do abdômen dentro da barriga, qualquer paciente que é operado – mesmo quando a cirurgia é feita por acesso minimamente invasivo como uma laparoscopia, por exemplo–, em qualquer procedimento que a gente faz dentro da barriga dos pacientes corremos o risco da formação de aderências entre as alças intestinais.”
“Eles devem aproveitar que tem que corrigir a hérnia de hiato para também desfazer eventuais aderências do intestino delgado”, diz o coloproctologista.
Correção de hérnia de hiato
O cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Oswaldo Cruz Eduardo Rullo Dias explicou que a hérnia de hiato ocorre quando uma víscera abdominal sobe para o tórax, causando sintomas de refluxo gastroesofágico.
Ele explica que os sintomas consistem na “regurgitação, aquele retorno do líquido do estômago para o esôfago, e às vezes até para a boca, e na pirose, aquela queimação atrás do peito”.
“Quando a hérnia presente tem grandes proporções, ela pode gerar sintomas compressivos de dificuldade de se alimentar e às vezes até dor”, explica Dias.
O tratamento cirúrgico da hérnia de hiato pode ser feito por via minimamente invasiva (como laparoscopia ou via robótica) e consiste em colocar o conteúdo visceral de volta no abdômen e ajustar o orifício que separa o esôfago do estômago. Além de confeccionar uma válvula antirrefluxo, para impedir o retorno do líquido do estômago.
De acordo com Dias, a cirurgia possui uma recuperação simples e rápida, permitindo a alta um ou dois dias depois do procedimento.
Correção de desvio de septo
A correção do desvio de septo consiste em “endireitar” a parede que divide as narinas de um lado e do outro.
Marcio Salmito, otorrinolaringologista da Unidade Campo Belo do Hospital Oswaldo Cruz, explica que esta parede, chamada de septo nasal, nem sempre é reta. “Na verdade, a maioria das pessoas tem essa parede de dentro do nariz torta. E essa tortuosidade pode comprometer a respiração”, diz.
A única forma de corrigir esse desvio de septo é através da cirurgia chamada de septoplastia, que “corrige o septo deixando ele reto e, portanto, melhorando a capacidade que o ar tem de entrar pelo nariz, sem mexer na estética”, segundo Salmito.